Vai esperar ficar pior?
Apitos! Megafone! Cartazes e barulho e embalados por grande indignação acadêmicos dos cursos de História, Teatro, Direito e Medicina fatigados pelas negligências da instituição reuniram-se em uma mobilização relâmpago.
Entre os problemas gritados e escritos estavam: ”Concurso para professores”; “40% de desconto para as licenciaturas”; “Incentivo para pesquisa”; “Restaurante Universitário”; “Hospital Universitário”; “Federalização”.
Os estudantes encontraram-se em frente à biblioteca no campus I da FURB às 18h30 do dia 19 de abril e iniciaram a “peregrinação” no Bloco I (onde se concentra um elevado número de cursos de licenciaturas), perpassaram pelo bloco R, S, desceram pelo bloco D, saíram entre os blocos B e C e chegaram ao bloco M.
No caminho, os estudantes entraram em algumas salas, levando consigo os cartazes que expunham estas reivindicações, como também um cartaz ironizando a posição de muitos acadêmicos que muitas vezes participam de determinadas atividades somente pelo fato de valer AACC (Atividades Acadêmico Científico Culturais), nesta mesma ideia cantaram “Pode aprender, pode estudar, nós não viemos lhe incomodar”, “O povo unido, é gente pra caralho” e outra frase bastante manifestada foi “Educação não é mercadoria”.
Encontraram o professor Clóvis Reis, diretor do Cento de Ciências Humanas e da Educação e o chamaram. Quando cobraram os 40% de desconto das licenciaturas, sugeriu para que os acadêmicos fossem à reitoria.
Ao chegar no Bloco M, sem poder entrar no prédio, os estudantes – aqui em grande peso do curso de História - esperaram o reitor Eduardo Deschamps vir até a porta munido de dois seguranças (que aliás, um deste acompanhou toda a mobilização – parabéns para a empresa terceirizada, parabéns também pelas cercas e portões!) e o secretário Mauro Tessari. Antes da conversação, ouve uma pausa para o “hino nacional brasileiro” satirizado. Após ouvir as mais repetidas histórias sobre os porquês de NÃO-concurso para professores, NÃO-40% de desconto nas mensalidades, NÃO-federalização e a defesa pela Plataforma Freire os acadêmicos contra argumentaram. Colocaram novamente que a desistência do curso advém do alto preço das mensalidades e a falta de concurso para professores que degenera um curso que há muitos anos vem sendo respeitado pela qualidade e posicionamento crítico. A Plataforma Freire está totalmente em desacordo pelas reivindicações, quando esta é uma medida que arrastará o que tem sido construído pelos acadêmicos ao longo de anos, quando a educação necessita de discussão, de problematização, de presença, corpo a corpo, além de ser excludente por permitir que apenas graduados possam estar cursando. Como já escrito no último abaixo-assinado “Com o intuito de contribuir para o desenvolvimento cultural e valorização da história da região, e para preservar um curso que há anos vem formando professores-pesquisadores críticos, os acadêmicos unem-se para que alguma medida seja tomada em relação à questão financeira, pois esta é a alavanca que impulsiona o número excessivo de evasões a qual o curso sofre a cada semestre. Percebe-se ainda um número expressivo de acadêmicos ingressantes em História a cada ano letivo, mesmo que a FURB no atual momento esteja em concorrência com outras instituições de ensino superior.” Este abaixo-assinado é o segundo realizado com o mesmo pedido, e foi redigido após uma reunião junto da reitoria com quatro acadêmicos do curso, o diretor de Centro e o coordenador de curso de História. Algumas defesas advindas da reitoria é a qualidade do curso, no entanto, a posição dos acadêmicos foi expor a queda do quadro de professores durante os anos e a defasagem ocorrida.
Ao final do abaixo-assinado, que segundo o diretor de centro já foi encaminhado à reitoria, encontra-se “Salientamos que esta é uma reivindicação legítima, que dialoga com os princípios burocráticos estabelecidos pela Universidade. No entanto, estaremos aptos à mobilização, utilizando de ferramentas práticas que viabilizem nossos direitos inerentes à ‘democracia’ a qual nos curvamos.” Portanto, eis uma das mobilizações.
Após uma longa hora, os acadêmicos de História “finalizaram” a pauta com uma reunião no auditório do Bloco J em começo de maio – a ser marcada -, a fim de chamarem os cursos com as mesmas deficiências, acadêmicos, diretores de centro e coordenadores de curso, pois: o Centro envia à reitoria, a reitoria culpa o Centro num vai-vem desgastante e abominável. Ao final, chegaram as acadêmicas do curso de Artes /Teatro que antes não puderam estar junto devido a um compromisso de aula, mas foi à tempo de colocarem as suas reivindicações, que algumas condiziam com as que já estavam sendo expostas. Questionaram o concurso para professores; solicitaram a resposta do encaminhamento dos também 40% de desconto do curso de Artes, inclusive citaram a fala do próprio reitor na manifestação cultural “Nosso Inverno” realizado em agosto de 2009, em que o reitor mencionou que o documento estava em análise mas, no entanto, nunca houve resposta. Indagaram sobre a atual condição do DPC (Divisão de Projetos Culturais) – órgão que dialogava com a cultura dentro e nos arredores da cidade. É, isto existiu! -, que em outros tempos ocupava uma posição de acesso, diálogo e interesses em articular a cultura da cidade e hoje não se sabe onde está, dado o seu caráter de esquecimento, enfraquecimento e não-funcionalidade. As meninas vieram com documentos e estiveram aptas para responderem qualquer apelo burocrático que o reitor argumentou.
Os acadêmicos que deram continuidade à mobilização, dirigiram-se ao DCE (Diretório Central de Estudantes) com dizeres como “Diretório Central de Eventos” - novamente o “hino nacional” - e conversaram com os representantes do DCE presentes. Cobraram a posição do DCE enquanto órgão representativo dos estudantes. A omissão e imobilização no quesito “Federalização”. Como estão agindo diante das propostas da administração da universidade e indagaram sobre as bolsas concedidas aos acadêmicos para a participação em reuniões. Os representantes disseram não haver como estar comunicando os afazeres do Diretório por não terem uma plataforma que conseguiria enviar e-mail a todos os acadêmicos da universidade. Isto foi retrucado, ao saber que poderiam estar enviando para cada Centro Acadêmico e estes encaminhando estas comunicações. O DCE estabeleceu a “comunicação” como o fato que impede este diálogo que deveria existir. Que há falhas na comunicação, portanto, uma reunião com estes também foi um pedido, afinal não se sabe o que é o DCE da FURB: Para que? Para quem?
Ao sair do DCE, os estudantes seguiram até ao Bloco S, onde sentados refletiram sobre a manifestação ocorrida, discutiram sobre as próximas medidas para que os discentes com angústias semelhantes possam estar unidos e juntos não cessarem com as mobilizações.
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